23/02/2008

** O mEnTiRoSo



Se te amo?

Não, não amo, não amei e, muito provavelmente, nunca amarei.

Não, também não amei o anterior, nem amei o primeiro e, muito provavelmente, não amarei sequer o último.

Lembrar-me-ei sempre do teu nome completo, da tua data de aniversário e correspondente signo - oh, como gosto de signos -, da tua morada, do teu número de telefone e outras coisas irrelevantes.

Mas serás apenas isso, mais um nome, um nome que me fará procurar-te sempre que o ouça na rua; uma data de aniversário, um dia em que apenas pensarei em ti, não porque ainda exista qualquer sentimento - que nunca existiu - mas porque simplesmente não o consigo dissociar do teu rosto.

Por vezes, esboçarei um sorriso parvo ao encontrar o teu cheiro num cachecol esquecido, calar-me-ei ao ouvir determinada música e, muito provavelmente, demorar-me-ei bastante tempo de olhos fechados a relembrar um sabor perdido que se me aflore aos lábios.

Mas nunca me questionarei se te cheguei a amar.

Por isso, não me ames, cala essa terrível palavra, não a digas, não a esperes de mim.

Não a direi. Não.

E se algum dia sentires que me amas, foge, foge de mim, corre para longe, apaixona-te por outro, mas não sofras por mim, não me faças sofrer também por ti.

Eu não te amo. Não.